Arquivo do blogue

sábado, 16 de julho de 2011

Loucura


Tu, estranho vulto que entras dia após dia no meu coração. Que me reduzes á insignificância de uma tarde coberta de lágrimas e memorias. A ti, estranho ser que te apoderas do meu pensar.
Um vazio revolto numa noite de verão passada a beira-mar. Não vês, não podes alcançar. Porque é a loucura. Que corre como o vento. Por entre nos, por entre o mundo. A dor lacerante de não ter. De não te ter. A calma da morte que se apodera. Pelo perder.
Debatia-se numa sala fechada, com cada pensamento a palpitar pelo chão. Cada letra, cada folha, espalhadas na imaginação. De conseguir alcançar. Não é pois, o que esperamos sempre? A cura de um nada. De um desejar que seja relevante para uma vida.
Palavras no silêncio. Uma luta que já não faz sentido.
Salva-me. Só te peço isso.
Salva-me. Tira-me da escuridão que a luz esconde. Tira-me a vida para poderes dar-ma de novo. Leva o que é teu.
No céu, vislumbro o que dizem ser para sempre. O amor. Envolto em maldade e em dor. Em sofrimento. Numa esperança desacreditada pelos séculos. Pelas gerações. Pelo que éramos e pelo que somos.
Um rosto pálido. Os teus olhos gigantes. Olhos dos que fazem acelerarem a pulsação. Olhos especiais, de ver pessoas especiais. Olhos de decifrar humanos e sentimentos. Olhos que repelem o bem.
As lágrimas caiem, apenas porque não querem suportar o mal da loucura.
Estou louca.
Desejo-te todos os dias. A cada segundo. Antes que o tempo acabe. Antes que não nos reste mais vida para viver. Antes que já não tenha coração. Porque o tempo corre, sabias? Apanha a loucura. Deixa-nos sábios, quando vivíamos felizes, na ignorância.
E se o amor me deixar louca?! Quero que isso seja uma vida. Sem hesitações, sem desleixes, sem incapacitações. Não me incapacites de ser feliz. Não me tires o coração.
Mais uma vez.
Mais uma fase. Mais um passinho.
És o meu coração. És a mais pura da insanidade mental de que alguma vez provei, de que alguma vez tive conhecimento de existir.
A felicidade e a tristeza numa só, concentradas em tão pouco. E um pouco que me é tanto. O fantasma dos meus pensamentos. Que me assombra todas as noites. Que me possui sem eu puder fazer nada. Nem um ponto final, nem uma vírgula. Dois seres, abraçados na imensidão do universo. Um universo só deles. Fazendo assim parte da maior das ilusões.
Tinhas a voz de um deus, e sussurravas ao meu ouvido que me querias foder. Seria eu demente? Deformada pela tua voz? Deformada pela loucura?
Pequenos toques, linhas formadas por movimentos. Movimentos quietos. Com uma textura palpável. De quem deseja. De quem sente.
Agora, eu sem ti. Sem o meu coração. Sem pretender nada de ninguém. Num casulo. Com medo do mundo. E das pessoas nele. Um ser atormentado por ti.
Lembro-me de toda as juras. Ditas com as pálpebras deitadas sobre uma face plenamente perfeita. Plenamente adormecida. Noites em que nada dormia e tudo palpitava sob um mar de alienação profunda. Mãos dadas no escuro, lágrima que não se viam. Brotavam-me da alma em sonhos. Para sempre, fica comigo para sempre. Nunca me deixes.
Sonhos vãos, esses. Deixados num passeio de calçada algures no mundo. No meio da sordidez. E o amor? Onde é que esta?
Uma necessidade constante e incontrolável. Desejo insaciável, incansável. Sinto cada beijo. è o fantasma quem mos da. Torna-me em tudo o que eu sempre quis ser. Faz crescer cada fio de cabelo que possuo. Contorna os meus lábios com a ponta dos teus dedos. Respira. Olha para mim e edifica a tua deusa. O teu sonho. A tua loucura. Dá-me a insanidade pela qual aguardei. Faz-me irreal.
Separados somos lindos, juntos, somos perfeitos.
Arranca-me de ti, e tu de mim. Meu coração, minha vida, aposenta-te de mim. Dá-me a liberdade que queres para ti. Aconchega-me a meia-noite e se feliz comigo.
Tira-me a demência do corpo e sacode de mim os meus desejos imorais. Não há nada, que mais queira.
Possui-me tu agora. Deseja-me. Corre sobre o tempo. Pisa-o e não lhe dês interesse. Leva-me num cavalo branco. Dá-me o mundo. Prometo. Mais uma promessa. Mas eu faço-te feliz.
Deixo-te entrar em mim. Mora la. Sê meu. Esquece o mundo. Esquece que não é isto que queres o tempo todo.
Mata tudo o que me fere. Mas não te mates a ti. Morre por mim, mas fica ao meu lado. Compreende-me. Não me julgues. Amor de entre os amores, suspiro entre todas as vezes que respiro, vida entre a loucura, lágrima entre sorrisos. Acolhe-me, uma última vez. E depois, não dês importância a mais nada.
A ti, vulto que atormentas os meus dias. Vulto que roubou a minha existência. Vulto que eu quero mais que tudo. Vulto sentado a janela do meu quarto a fumar um cigarro.
És pois, a ilusão mais real que já tive. Fundo-me em ti e não sei qual sou e não sei qual tu és. Somos um e não sei o que era antes de ti.
O vento sopra e agita todas as folhas de uma única árvore, e de todas ao mesmo tempo. Tenho medo. Que eu seja milhares e tu só possas ver uma. Que eu seja mais do que queres para a tua vida. Que eu seja o que não queiras.
Um ser estranho e inequívoco, que, não posso compreender. Apenas porque e diferente de mim. Desde a sua criação ate ao que é nos dias que correm. Nos dias em que o vejo. Passa por mim e diz-se ser meu. E eu dele. Uma cara. Entre milhares.
Deita-se comigo em silêncio. Faz o que lhe mando, mas não percebe o que quero. Concentra-se acima de tudo no prazer que me da, na quantidade e intensidade dos orgasmos. Esses jorram de mim. Como nunca pensei que pudesse acontecer.
Deito-me com ele em silêncio. Penso se algum dia ele irá ver cada centímetro do meu corpo com atenção. Gostava de ser perfeita. Gostava que ele me admirasse e não me amasse. Ele não é louco. Vive a vida como os outros. Amo-o por ele estar ali comigo. Enlouqueço com o prazer que ele me dá.
Durmo noites e tardes, acordada. Penso na vida e penso no mundo. Penso e imagino.
Durmo noites e tardes, sozinha. Venho-me na mesma, mas não da mesma maneira.
E a ilusão gira acima da minha cabeça. Vivo dois mundos separados. Gostaria de alia-los. Apesar de não me parecer possível.
Quero ser feliz, e o tempo corre atrás de mim. Com a loucura a pisa-lo. Sigo as regras. Gostava de ultrapassa-las, mas não.
A ti, meu passado, meu presente e meu futuro. A ti, criatura ordinária de uma rotina perfeita.
O mundo continua, e tudo com ele.
Tenho o coração estilhaçado. E nada consegue encher o espaço, que este deixou, na carcaça que dizem ser o meu corpo. Será possível ver-me, a pessoa que dizem ser eu, enquanto vou-o pelo universo. Pelo meu mundo.
Salva-me. Tira daqui. Leva-me.
Deseja-me. Mais que tudo. Mais do que o mundo. Mais do que o céu. Mais que no inicio de tudo. De existires. De eu existir.
Penso que sim, mas tudo me diz que não.
Magoa-me tanto. Com o seu olhar. Sabe que é superior. Reduz-me a um grão de areia.
Perco a minha loucura por um momento. Um instante na eternidade de momentos. Peço-lhe que pare. Peço-lhe que deixe de ser o meu coração e que o entregue. Mas ambos sabemos, que o será indefinidamente. Até que a morte nos separe. Ate que ele não aguente.
Salva-me, peço-lhe. Mas sou um ser muito complexo.
Salva-me. Mas ele não me compreende.
Salva-me. Ama-me assim e ouve o que o meu coração te diz.
Horas passadas numa terra de fantasia. Com milhões de pós brilhantes acenando, caindo pelo teu cabelo. Almas que voam. Superiormente desvanecendo perante o meu olhar. Obrigas-me a pensar, magoas-me, pisas o meu coração. Tornas-me louca. Tiras o sentido as palavras que profiro. Entra dentro de mim e conhece-me. Imploraria ao sol, mas ele já se foi deitar.
Um dia sonhei, com alguém que viveria feliz para sempre. E seria tudo o que preciso. Uma cabana.
A luz que entra por uma fenda de uma janela entre aberta. Dois corpos numa cama de lençóis brancos. Tocando-se, de olhos fechados. Perfeitamente conscientes da sua profunda beleza. Admirando-se mutuamente. Percorrendo cada curva preenchida de suavidade. Leves como penas, flutuando num espaço fechado.
Não sei porquê. Sempre foi assim. Sempre me atormentaste com a tua maneira de me encarares. Como se soubesse tudo, como se tivesses a certeza de que eu nunca iria ter força para fugir de ti. O meu coração. O meu porto seguro. Aquele que me desconhecesse completamente, mas mais do que todos os outros.
A ti, vulto que me tocas a cada dia. E me encantas com os teus mais profundos encantos. Que me tomas pela mão e me das a liberdade de puder ser quem quero ser. Ao teu lado. Desconhecendo-me.
A ti, criatura petulante que me levas tudo e dizes amar-me.
Magoou-te constantemente. Por te levar a acreditar que me fazes mal. Sendo eu a culpada.
Torna-me em tudo o que sempre sonhas-te, leva-me por montes e vales, oferece-me flores e faz-me feliz.
Salva-me de me sentir dormente.
Salva-me. De tudo.
Prometo. Mais uma promessa. Vou-te fazer feliz.
Quero sentir. Tudo o que me queres dar.
Paro. Fecho os olhos. O mundo rodopia como se não fosse suposto eu estar aqui. Como se me quisessem levar. Vem ter comigo. Meu amor. Meu coração. Meu príncipe. Minha vida.
Aqui estou eu, perante ti. Nego tudo o que for mentira e peço-te que me faças viver. Mata-me e dá-me a vida de novo. Leva-me e não me tragas mais. Tudo o que tenho compartilho contigo.
Estou louca.
E a loucura apodera-se de mim. Vem tira-la.
Imagens alucino genicas fluem pelo meu corpo. O paraíso. O que ninguém tem. O que o tempo tira ao mundo.
Dói-me o coração. A cada dia mais. Como se nada pudesse ser feito para reverter o fim do mundo. Os actos do passado tornam-se em monstros gigantes que me tiram o que sou, e me fazem ser, outro alguém. Outra pessoa que não eu. Que não diz o que eu quero. Que faz o que eu não posso.
Ser perturbado, alma fora do lugar. Encontro-me e perco-me em ti. Razão infinita da minha dor. Prazer obscuro, beleza dos meus dias. Amor excruciante que vive em mim.

Olho para o longe, nada me faz pensar como tu. Nada há, que venere de tal maneira quanto a tua maneira. O teu jeito próprio, a tua própria serenidade. Placidez a tua, ao veres-me. Desassossego meu, ao sentir-te.
Voz do meu peito, que gritas por mais. Que gritas por profundidade, por teor. Enche a minha mente, e dá-me razão.
Salva-me, quero ser feliz.
Salva-me. Ama-me. Para sempre.

Sem comentários:

Enviar um comentário